Remediação de Áreas Contaminadas

Medidas para a reabilitação de áreas com passivos ambientais visando a redução de riscos.

REMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS

A elaboração de sistemas de remediação desempenha um papel vital no gerenciamento de áreas contaminadas, representando um processo estratégico e técnico com foco na recuperação ambiental e na redução dos riscos para a saúde humana. Essa abordagem envolve diversas etapas interligadas, visando alcançar eficiência na eliminação ou redução dos riscos associados aos poluentes presentes no solo, águas subterrâneas e demais compartimentos ambientais. 

O desenvolvimento dos sistemas parte de uma análise detalhada de estudos que caracterizam a natureza, a extensão (vertical e horizontal) e o tipo de contaminação existente, bem como da avaliação dos riscos associados a ela. Em seguida, há uma escolha criteriosa dos procedimentos de remediação mais adequados com base nas características obtidas, que incluem métodos físicos, químicos e/ou biológicos. Além disso, os sistemas de remediação devem ser ajustados estrategicamente conforme as condições ambientais, tecnológicas e financeiras encontradas. 

A integração de diferentes técnicas de remediação pode ser essencial para otimizar a eficácia dos processos e aumentar a eficiência na remoção dos contaminantes dos meios. Para garantir a eficácia das ações de remediação ao longo do tempo, são estabelecidos sistemas de monitoramento contínuo, que incluem análises regulares de amostras de solo, água subterrânea e/ou vapores. A implementação desses sistemas de avaliação contínua é fundamental para garantir que as estratégias adotadas permaneçam alinhadas com os objetivos iniciais, ajustando-as conforme necessário com base em novas informações ou mudanças nas condições ambientais. 

Dentre as diversas técnicas de remediação existentes, podem ser destacadas: 

O procedimento de Bombeamento e Tratamento (Pump & Treat), consiste em uma técnica para remediar a contaminação de águas subterrâneas, através da retirada de água contaminada do subsolo. O bombeamento é realizado por meio de poços e bombas pneumáticas submersíveis, que captam tanto a fase livre quanto a fase dissolvida presentes, direcionando a água contaminada para a superfície. Uma vez bombeada, segue-se para uma etapa de tratamento para remoção ou redução dos contaminantes presentes na água.  Neste tratamento, podem ser citadas etapas de filtração, oxidação química, absorção e separação através de caixas separadoras.  

Em relação ao Sistema de Contenção (Barreira Hidráulica), é uma estrutura projetada para evitar ou limitar a movimentação de plumas de contaminação em águas subterrâneas, usado principalmente para prevenir a migração dos poluentes para aquíferos, poços de captação ou demais áreas sensíveis do entorno. O sistema pode ser executado a partir da injeção de substâncias que reagem com os contaminantes, formando produtos menos tóxicos e solúveis, ou através da captura e tratamento da água contaminada, utilizando o método citado Pump & Treat. 

A utilização dessas abordagens, em conjunto ou separadamente, representam estratégias importantes para a remediação de águas subterrâneas contaminadas, buscando a minimização dos impactos e riscos ambientais. 

A Barreira Reativa Permeável é uma técnica empregada para a remediação de plumas de contaminação na água subterrânea. Usada para interceptar e tratar os contaminantes, a barreira é feita de material permeável (meio poroso ou de membrana) e é preenchida por substâncias que reagem com o contaminante enfrentado, levando à absorção, degradação ou transformação do contaminante em compostos inofensivos. 

Para a implantação desse sistema é necessário primeiramente a realização de um ensaio para determinar a composição dos contaminantes e, assim, garantir assertividade na escolha dos melhores materiais a serem utilizados na reação, absorção, degradação ou transformação do composto.  Apesar da eficiência desse sistema, com o tempo é possível que seja verificada uma diminuição da permeabilidade do material, sendo necessárias avaliações sistemáticas da eficiência do sistema adotado. 

O Sistema de Extração de Vapores (SVE) é uma técnica utilizada na remediação de solos e que visam a remoção de contaminantes em fases de vapor a partir da geração de um vácuo no meio a partir da instalação de um sistema central e poços de extração espalhados estrategicamente pela área, para a captura dos vapores e o direcionamento dos mesmo para a exaustão ou tratamento. O tratamento dos vapores extraídos do solo inclui técnicas como a absorção de compostos por carvão ativado, oxidação térmica etc. 

Essa técnica de remediação tem sido extensamente aplicada em postos de gasolina, indústrias e áreas de vazamento de produtos químicos. Além disso, os sistemas têm sido fundamentais em projetos cujo foco é extração de gás metano presente em subsuperfície, gerado através da biodegradação de materiais orgânicos. 

O Sistemas de Extração de Duas Fases (DPE) é um método que realiza a extração contaminação em fase livre ou dissolvida em água subterrânea. Seu funcionamento ocorre através de poços de extração que bombeiam a água subterrânea em locais onde os níveis da água são mais rasos. O Sistema de Extração Multifásica (MPE), por sua vez, é a técnica de extração da fase livre, dissolvida e também de vapor do solo, simultaneamente. A extração é feita através de poços com sistema de ventilação a vácuo que criam uma zona de influência pela extensão da pluma de contaminação; com essa pressão negativa gerada no sistema, o material contaminado é capturado e bombeado para os tanques onde ocorrerá o tratamento. 

O Sistema de Air Sparging, consiste numa técnica que aplica ar comprimido ou oxigênio sob pressão na zona saturada a partir de poços, visando promover a remoção das massas de   contaminantes através da volatilização dos compostos (ou seja, a transformação em vapores) para serem posteriormente extraídos pelos métodos supracitados. 

Essas técnicas consistem na aplicação de calor no solo ou nas águas subterrâneas para promover a degradação dos contaminantes, sendo eficazes para lidar com uma variedade de poluentes orgânicos. 

Baseado nesse procedimento, podem ser aplicadas diversas variações de metodologias, como é o caso da remediação térmica por resistência elétrica, por exemplo. Essa variação consiste no aquecimento do solo e das águas subterrâneas através de uma resistência elétrica que permeia e provoca a formação de calor (aumento da temperatura) nos meios, processo que promove a volatilização dos contaminantes para serem posteriormente removidos. 

A Biorremediação é processo que se utiliza de organismos vivos, como bactérias, fungos e plantas, para remover, degradar ou transformar contaminantes presentes no solo ou água subterrânea. Esses processos são comumente aplicados em áreas de contaminação por hidrocarbonetos e solventes orgânicos. Seu funcionamento se dá através da seguinte forma: 

  • Biodegradação: bactérias e fungos são utilizados para biodegradar contaminantes orgânicos. Os microrganismos consomem os poluentes, convertendo-os em produtos menos tóxicos ou inertes; e 
  • Fitorremediação: algumas plantas têm a capacidade de absorver e acumular contaminantes em suas partes, sendo também eficazes para a remoção de poluentes. 

A Atenuação Natural Monitorada (ANM) é dependente de processos naturais, como degradação biológica, adsorção e diluição, que ocasionam reduções na concentração de contaminantes ao longo do tempo em áreas específicas. Esta técnica é utilizada em casos em que a concentração dos contaminantes naturalmente diminui ao longo do tempo, não sendo necessárias intervenções humanas, apenas o acompanhamento periódico.  

O Sistema de Injeção de Oxidante in Situ (ISCO) é utilizado na remediação de áreas contaminadas sobretudo para a degradação de contaminantes orgânicos, sendo comumente utilizado em áreas contaminadas por organoclorados e hidrocarbonetos. A técnica consiste na introdução de agentes oxidantes por meio de poços de injeção, diretamente no subsolo ou na água subterrânea, que através de reações químicas convertem a massa de contaminantes em compostos não perigosos